domingo, 19 de junho de 2011

UMA LEITURA DOS ÚLTIMOS RESULTADOS ELEITORAIS


Os vereadores socialistas têm centrado as suas intervenções nas reuniões de Câmara, abordando temas mais próximos do concelho de Salvaterra de Magos, tal como hoje acontecerá de novo.
Não somos naturalmente indiferentes às questões nacionais, principalmente quando elas podem condicionar a vida autárquica mas, regra geral, o palco de resolução desses problemas [nacionais] é o Governo e o Parlamento, órgãos de soberania que resultam da votação dos portugueses que formam maiorias diversas daquelas que nos elegeram enquanto autarcas. É pois por respeito a umas e outras votações que evitamos deambular por temas que extravasem as nossas atribuições e as competências para as quais fomos eleitos.
Nós não temos qualquer reserva ao voto dos nossos concidadãos, acreditamos na democracia representativa, mesmo quando esse voto não premeia as equipas ou os programas que julgamos os mais capazes,  ao contrário de outros que preferem a "democracia" das ruas. Podemos concordar ou discordar, estar do lado da maioria ou da minoria, mas nunca devemos subestimar os resultados eleitorais, desacreditando o voto popular.
As eleições não são para mim um jogo, onde há vencedores ou vencidos, prefiro a ideia de que há escolhas e os que recolheram maior número delas, assumem a missão de governar.
  1. O que as eleições legislativas do passado dia 5 de Junho nos mostram é que os eleitores portugueses, num momento particularmente importante da nossa vida colectiva, não estão disponíveis para aventureirismos que, de algum modo, o eleitor associou às propostas do Bloco de Esquerda, daí a redução a metade do número dos seus deputados e a perda do único deputado que tinham no nosso distrito. Os eleitores não compreendem, ou não compreenderam ainda, que o BE primeiro esteja disponível para se associar ao PS na Câmara Municipal de Lisboa e depois deixe de estar! Os eleitores não entendem, ou não entenderam ainda, que o BE esteja disponível para apoiar o mesmo candidato presidencial que o PS, mas depois seja este mesmo PS o seu principal opositor. Os eleitores não concordam, ou não concordaram ainda, que com tantas críticas ao modelo económico e à estratégia europeia que o BE não tenha sequer aceite o convite para conversar com aqueles que vieram ao nosso País para ajudar a evitar a bancarrota. Os eleitores não percebem, ou não perceberam ainda porque razão têm de ter uma outra força política, siamesa do PCP, que radicaliza, que se afasta das responsabilidades governativas, que se prefere colar aos protestos em vez de colaborar na resolução dos problemas!
  2. O que as eleições legislativas do passado dia 5 de Junho nos dizem também, é que a maioria dos portugueses quis punir o Partido Socialista, responsabilizando-o de algum modo pelas dificuldades que o País hoje atravessa. Fizeram-no confiando na única alternativa de Poder que se lhes apresentou, a coligação PSD+CDS.
  3. Se no caso do PS o que esteve em causa foi a normal alternância do Poder que caracteriza este nosso Portugal pós-25 de Abril de 1974, no caso do BE - o que me parece ter acontecido – foi o desencanto por uma proposta de caminho que afinal não conduzia a lado nenhum.
  4. Uma última palavra para o número dos que se abstém, que ninguém verdadeiramente sabe quantos são. Para que esta questão não desvalorize o regime democrático e não descredibilize os cadernos eleitorais e a importância real das eleições, creio que é exigível aos que têm responsabilidades públicas e políticas que tomem nas suas mãos a actualização do número de cidadãos com capacidade eleitoral que, em cada momento, o País tem. É uma situação que urge rectificar pois é caricato ver o próprio Presidente da República a indicar que provavelmente os números da abstenção não são os que se registaram uma vez que os cadernos eleitorais terão cerca de 1 milhão de nomes a mais, o que não é muito difícil de concluir em confronto com a própria realidade demográfica!
 Esperemos, finalmente, que os deputados e os governantes que saíram deste acto eleitoral sejam mais sábios, mais hábeis e mais empenhados que os anteriores, pois o sucesso do seu trabalho também influencia (e muito) a qualidade de vida de todos nós.

2 comentários:

  1. E o Eng. José Sócrates, não foi punido com cartão vermelho directo pela povo, depois de nos conduzir à quse total ruina / banca rota, record de desemprego, justiça e educação num caos etc etc etc

    ResponderEliminar
  2. "Os eleitores não concordam, ou não concordaram ainda, que com tantas críticas ao modelo económico e à estratégia europeia que o BE não tenha sequer aceite o convite para conversar com aqueles que vieram ao nosso País para ajudar a evitar a bancarrota". Retiro do seu texto, este pequeno excerto. A troika, vêm a ajudar a evitar a bancarrota? Veja o caso da Grécia!Realmente, foi uma ajuda, mas para afundar ainda mais a Grécia.A troika, vêm a Portugal, CHULAR ainda mais os portugueses. As medidas/propostas avançadas por esta "Troika", terão como consequências: maior recessão económica, aumento do desemprego e um futuro decrépito para os jovens.

    ResponderEliminar