sábado, 20 de agosto de 2011

FUTURO – FIM OU INÍCIO?! (artigo de opinião)


Este é o texto integral do artigo que enviei, como articulista, para a última edição do jornal FUNDAMENTAL recentemente editado.


Em meados do século passado não havia televisão (surgiu apenas em 1957), não havia na maior parte do País rede eléctrica, nem abastecimento de água e muito menos rede de esgotos, escasseavam as viaturas automóveis. A maior parte dos transportes no interior rural fazia-se por veículos de tracção animal, as estradas eram de terra batida, não havia iluminação pública, usavam-se velas e candeeiros a petróleo, a roupa era lavada em tanques ou em linhas de água corrente, o sal era usado para conservar os alimentos.
Não havia rede de cuidados de saúde primários, nem protecção social. A escola primária era o ensino em Portugal, a agricultura a actividade profissional principal, a emigração a fonte de rendimento.
A descoberta de uma fonte de energia barata, a prospecção do petróleo, possibilitou a substituição da madeira e do carvão. A actividade económica - também por cá, ainda que com muito atraso em relação aos demais países europeus – passou a originar migrações internas, a substituição da agricultura pela indústria, a densificação das cidades, a ligeira melhoria das condições de vida das pessoas e o incremento do consumo.
Mas foram o 25 de Abril de 1974 e a adesão à CEE (em 1 de Janeiro de 1986) os principais marcos do nosso estado de desenvolvimento actual, o futuro de outrora. Infelizmente esse futuro de que todos falávamos, que é hoje o nosso presente, não é mais que uma ilusão, um conto de fadas para alguns, pois sabemos agora que não é sustentável a dimensão de muitos dos serviços públicos que criámos – educação, saúde, administração, justiça, segurança, transportes, infraestruturas, comunicação, habitação, entre outras. Não conseguimos encontrar um caminho (económico) que gere a riqueza necessária a custear aquela despesa. Não é só o pagamento da nossa dívida pública que está em causa, é também a nossa qualidade de vida. Vamos ter de regredir. Andámos depressa demais, dizem-nos, para os meios financeiros de que dispúnhamos. Deixámo-nos levar pelo entusiasmo!
Este artigo está muito longe de pretender ser uma análise económica, é antes a constatação de que chegámos ao fim daquilo que, no passado, julgávamos ser o futuro. A mera interiorização deste facto é já um passo adiante. Mas para avançarmos de novo um dia, vão ter de se dar vários passos atrás. Quantos mais formos nesta caminhada, menos penosa ela nos parecerá!
Que as coisas futuras não te preocupem. Chegarás a elas, se tiver de ser assim, levando a mesma razão que agora usas para as coisas presentes [Marco Aurélio, Meditações].
Em resposta – ou não – 1850 anos depois Woody Allen afirma: me interessa o futuro porque é onde vou passar o resto da minha vida.
Entre uma e outra posição há uma infinidade de outras, igualmente válidas!

2 comentários:

  1. Na minha opinião não andamos depressa demais, mas sim todo os apoios e fundos concedidos pela união europeia foram mal gastos e mal supervisionados.
    Fizeram-se obras, criaram-se empresas publicas, apostou-se em projectos agrícolas, foi criados variadíssimos fundos de ajuda a portugal e no fim deles renovados novamente. Para onde foi esse dinheiro? foi mal gasto? foi mal investido? Penso que tudo isso contribuiu para o pais estar agora como está. Mas teremos de falar também em possível má gestão politica do pais, e uma grande divida que nunca se soube conter, agora por uns pagam todos. teremos de andar uns anos para trás para recuperar e quando ultrapassarmos isto, se é que conseguimos, tudo terá de ser muito bem pensado antes de ser feito, ou voltaremos de novo ao mesmos.

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  2. O problema (no meu entender) não está em pagarmos agora as dividas (isso é uma consequência de pedir emprestado), mas sim, o"o que fizemos com esse dinheiro?! Investimos bem ou mal?!! Criamos riqueza com ele ou gastamos em bens pouco ou nada produtivos, daqueles que se vêm por ai rotundas.. e centros interpretativos e projecto da treta que no final..d e tudo nos levou o dinheiro mas não criou progresso nem riqueza nem muito menos nos preparou para o futuro.. e este foi o caso de salvaterra,..não se fez nada para criar e fixar empresas, nadas de parques industriais nem nada parecido. e isso foi muito mau...
    A pergunta é como vamos pagar senão se criou riqueza.. a resposta é vamos pagar e pronto.. proponho vender as rotundas e os centros intrepretativos e já agora a senhora presidente tbm.

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