segunda-feira, 16 de julho de 2012

ADIAR OS FILHOS É A SOLUÇÃO?!...


No passado dia 11 de Julho celebrou-se o Dia Mundial da População mas - como é dito na notícia abaixo (publicada nessa data) - são muitas as razões que levam a crescentes preocupações pois o número de nascimentos está muito aquém do valor de anos anteriores. Crise, dificuldades financeiras, instabilidade laboral são apenas algumas das razões que estão a determinar a evolução negativa da população de Portugal.


Celebra-se o hoje o Dia Mundial da População, mas Portugal não tem muitas razões para sorrir, pois 2012 poderá ficar para a história como o ano em que os nascimentos não chegam aos 90 mil, um facto inédito do qual não há registo
A crise faz-nos pensar duas vezes sobre dar à luz mais um membro para a família. O encanto de conceber e criar um novo ser é substituído pela matemática do leite vezes fraldas, vezes pediatra, vezes babygrows e, na maioria dos casos, vezes infantário, quando essa grande instituição chamada “avós” nos falha.
Portugal reflete bem essa realidade. No primeiro semestre deste ano nasceram menos quatro mil bebés do que no mesmo período de 2011, dados provisórios, mas que marcam já uma tendência. Até agora foram realizados menos 43 870 testes do pezinho do que no ano transato e se a tendência de decréscimo se mantiver, 2012 poderá ficar para a história como o ano em que os nascimentos não chegaram aos 90 mil.
Segundo a Associação Portuguesa de Famílias Numerosas, este decréscimo não decorre da menor vontade dos pais fazerem crescer as famílias. Pelo contrário: “Na verdade temos assistido a uma vontade maior talvez pelo facto das pessoas estarem a fazer um “back to basics” e a perceber que é com a família e não com o Estado ou os outros que verdadeiramente podemos contar. O que existe simultaneamente é uma maior dificuldade e um adiamento na tomada de decisão tendo em conta o contexto económico e em particular a instabilidade laboral e a situação de maior debilidade em que uma família com filhos, ou mais filhos, se coloca face à inexistência de apoios”.
O casal Marta e António que tinham adiado o sonho da maternidade em prol da carreira, estão agora a viver uma grande indecisão: “A idade avança, já estamos ambos na casa dos 30, e seria a altura ideal para termos o nosso primeiro filho. Mas não estávamos à espera desta crise e investimos tudo num negócio próprio que está a ressentir-se muito com a falta de poder de compra dos portugueses. Que fazer? Nem sei onde procurar apoio, pois vejo tudo à nossa volta a falar de crise”.
Neste momento, uma criança vale, em termos estatais, as seguintes percentagens: para a declaração do IRS, cada filho vale cerca de 75%; nas deduções de educação e saúde (entre os 3º e 6º escalão do IRS), cada filho vale 10%; a nível de abono de família, cada filho vale meia pessoa, ou seja 50%; nas taxas moderadoras, cada filho vale 0; e no Passe Social Mais, cada filho vale 25%.
O alerta é dado pela associação para “as famílias com filhos dependentes e, particularmente, as que têm maior número de dependentes que são, de longe, as mais afetadas pois possuem um valor muito superior de despesas essenciais – os números do leite, do pão, da eletricidade, da água, da habitação, têm nestas casas um peso muito maior e absorviam já a quase totalidade dos rendimentos, assim os aumentos de todos estes bens e serviços essenciais têm também aqui uma expressão muito superior. Se adicionarmos a este facto, a realidade de que os impostos também aumentaram mais para estas famílias e as reduções que algumas sofreram nas suas remunerações, por exemplo funcionários públicos, podemos facilmente chegar à conclusão que não existe nenhuma equidade na atual distribuição dos sacrifícios e que estas famílias são as mais prejudicadas. É também preciso não esquecer as famílias com problemas de saúde ou com filhos com problemas de saúde, estas também foram particularmente afetadas pelos cortes, muito injustamente e violando da mesma forma o princípio da equidade”.
Acrescentar mais membros no seio familiar, neste contexto, merece da parte dos portugueses um “think twice”, pelo que especialistas apontam já que o segundo semestre seja muito semelhante, logo terminaremos 2012 com menos oito mil bebés, ou seja, cerca de 89 mil.
Uma tendência que a APFN tende a contrariar com os apoios que vai conseguindo acumular: “Graças à generosidade de empresas nossas parceiras estamos a conseguir este ano chegar a áreas onde nunca tínhamos ido. Acreditamos que existe na população, nas empresas e nos municípios uma clara compreensão da situação e uma vontade e disponibilidade grandes para ajudar. Ao contrário do que se passa no Governo. Estamos assim, por exemplo neste momento, a apoiar o início do ano escolar das famílias quer celebrando acordos com empresas para conseguir os materiais e manuais escolares em melhores condições, quer dinamizando o projeto de troca de manuais escolares em que estamos envolvidos na rede social a que pertencemos, quer distribuindo material escolar a famílias da nossa associação com graves carências económicas”.
"Alarmante" e "irrecuperável" é como os demógrafos e as associações da família avaliam a situação. Para Marta e António, um entre muitos casais com este dilema, ter um filho será uma decisão muito ponderada, onde de um lado está um bebé e do outro, todos os encargos subjacentes. 

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