quinta-feira, 15 de novembro de 2012

UM CONCELHO COM UMA GESTÃO AUTÁRQUICA AUSENTE

Salvaterra de Magos, uma colecção de pratos de porcelana (foto cedida por José R. Gameiro)

Há alguns dias a agência noticiosa LUSA realizou uma breve entrevista aos vereadores com assento na Câmara Municipal de Salvaterra de Magos.



Inexplicavelmente, na última reunião da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, o Sr. vereador Luís Gomes, do secretariado da coordenadora local BE, expressou publicamente a sua crítica ao semanário O MIRANTE por ter publicado, na sua edição on line uma notícia - que seguidamente reproduzimos - onde não fora permitido que a Câmara Municipal apresentasse "defesa". Mais criticou o facto de a notícia referir que a situação de desemprego do concelho representa um dos piores registos da região, quando agora já não é.
Em resposta, enquanto vereador e porque fui entrevistado, expliquei ao vereador bloquista que a notícia do semanário regional dizia que era uma notícia oriunda da LUSA e que no texto da notícia também se explicava porque razão a Câmara não era ouvida. É que as ausências da actual Presidente do Município terão ditado a impossibilidade de aquela agência a conseguir entrevistar, tal a sua indisponibilidade! Ou seja, tudo está dito na notícia, o que nos leva a concluir que se mesmo assim o BE critica o jornal é porque o está a querer condicionar, por mais que diga que não! 
Quanto ao desemprego expliquei-lhe também que a afirmação é dos vereadores da oposição e que não é para nós aceitável que o desemprego no concelho ultrapasse os 16% ao longo de anos e anos a fio e que agora, porque o País não tem crescimento económico e a austeridade dita lei, causando desemprego nos concelhos onde havia emprego, isso deixe de ser uma preocupação da autarquia.


O mandato do Bloco de Esquerda na Câmara Municipal de Salvaterra de Magos é marcado, de acordo com a oposição, pela “inércia” e por uma “liderança ausente e amorfa”. A um ano das eleições autárquicas, Hélder Esménio, o independente eleito pelo PS, e Jorge Burgal, independente eleito pelo PSD, alinham no discurso que atribui à presidente da câmara eleita pelo BE, Ana Cristina Ribeiro, uma liderança “ausente” e “não empenhada”, que marcou um mandato “amorfo, sem iniciativas, sem ideias, sem capacidade de decisão”.
Ambos os vereadores referem o facto de o concelho registar o maior número de desempregados da região, uma situação que afirmam ter-se agravado também por falta de criação de condições para atracção de empresas, sobretudo no sector agrícola, para o qual o concelho revela grande potencial.
Hélder Esménio sublinha que, em 15 anos de governação de Ana Ribeiro, não foi criado qualquer parque empresarial nem foi feita qualquer discriminação positiva, nomeadamente através da redução das taxas municipais, para captar novos investimentos.
Jorge Burgal pega nos concelhos limítrofes para dar o exemplo do que foram capazes de fazer, mesmo em contexto de crise, sem que Salvaterra os tenha acompanhado. Apenas ressalva a situação financeira da autarquia, “tranquila”, com um défice de cinco milhões de euros, o que, no seu entender, teria permitido criar “multiplicadores para o desenvolvimento”.
As críticas dos vereadores da oposição estendem-se ao pouco investimento na área da educação, ao que somam pouco empenhamento para assegurar a manutenção dos serviços de saúde nas freguesias e evitar a saída de serviços como a Segurança Social ou os CTT.
Hélder Esménio aponta “erros na priorização de investimentos”, dando como exemplo a construção de um campo de futebol em ano de eleições que custou três milhões de euros em detrimento do avanço dos centros escolares ou a aquisição de um terreno para uma zona industrial longe do nó de acesso à auto-estrada e que nunca chegou a ser infra-estruturado.
O coro de críticas fica sem resposta, já que, apesar de inúmeras insistências, a agência Lusa não conseguiu obter de Ana Cristina Ribeiro um balanço da sua permanência à frente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos.
Ana Cristina Ribeiro ou Anita, como é conhecida localmente, independente, foi eleita pelo BE nas eleições autárquicas de 2001, depois de ter entrado em rutura com o PCP, partido pelo qual havia sido eleita em 1997, também como independente, estando a cumprir o seu quarto e último mandato à frente deste município.
Numa entrevista dada à Lusa a seguir à vitória nas autárquicas de 2009, Ana Ribeiro referiu a “grande proximidade” com as populações como justificação para a grande popularidade de que goza no concelho, independentemente do partido apoiante da sua candidatura.

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