Os números que a notícia seguinte
evidenciam são absolutamente brutais – mil milhões de mulheres (uma em cada
três) são agredidas ou violadas ao longo da sua vida.
Tudo o que puder ser feito para mudar comportamentos
e criar um activo de condenação social que “trave” a prática reiterada ou
esporádica de actos de agressão contra as mulheres é bem-vindo.
Mais
de 200 países vão aderir à dança global convocada para quinta-feira [hoje] pela campanha One Billion Rising, que
quer pôr as ancas do mundo a abanar, incluindo as portuguesas, pelo fim da
violência contra as mulheres.
O
nome encontra explicação numa estatística das Nações Unidas: “mil milhões de
mulheres – uma em cada três – serão violadas e agredidas no planeta durante a
sua vida”. A campanha propõe que um número igual ou superior de mulheres e
homens se junte em todo o mundo, dançando, para combater a violência.
“Mil
milhões de mulheres violadas é uma atrocidade; mil milhões de mulheres a dançar
é uma revolução”, compara a campanha One Billion Rising.
A
mobilização coletiva conta já com a marcação de duas dezenas de eventos de
norte a sul de Portugal, envolvendo organizações nacionais como a APAV
(Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), a Associação Portuguesa de Mulheres
Juristas, a ILGA Portugal, a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), a
Amnistia Internacional – Portugal e a companhia Chapitô, mas também vários
organismos locais, entre escolas e associações.
Em
Lisboa, por iniciativa da socialista Ana Gomes, deputadas e ativistas adotaram
o slogan “@ Menin@ Dança?” e vão apresentar uma coreografia para a música
"Break the Chains", na quinta-feira [hoje], no Largo de Camões, a partir das
17:30.
Em
nome das dinamizadoras da campanha em Portugal, a eurodeputada socialista Ana
Gomes, que já dançou pela campanha durante a apresentação, no Parlamento
Europeu, juntamente com a eurodeputada bloquista Marisa Matias, disse à Lusa
que se pretende que “cidadãos e cidadãs” se mobilizem “ativamente pelo fim da
violência contra as mulheres, em todas as formas”.
Qualquer
cidadão deve “denunciar comportamentos que são desculpantes ou encorajadores de
atos de violência contra mulheres”, frisa Ana Gomes. Essa “consciencialização”
deve revelar que “as pessoas no seu dia a dia estão atentas, não deixam passar
casos, não se intimidam se souberem que alguém é vítima de violência, por
exemplo na família, que se mobilizam, que não deixam que o silêncio continue a
proteger os criminosos, que denunciam e que dão apoio à vítima”, concretiza.
Sublinhando
que “as violações” contra as mulheres “ocorrem por todo o mundo, nos países em
desenvolvimento, mas também nos países mais avançados”, Ana Gomes diz que se
impõe “uma mudança de mentalidade, entre homens e entre mulheres”. A ideia da
campanha, apoiada por celebridades como Jane Fonda, Robert Redford e Charlize
Theron, surgiu depois de Eve Ensler, conhecida dramaturga dos Estados Unidos e
autora do livro “Os Monólogos da Vagina”, ter visitado uma comunidade na
República Democrática do Congo. Nessa comunidade, onde as mulheres são
altamente vulneráveis à violência, as feridas ultrapassam-se através da dança.
Daí
a escolha de Eve Ensler, fundadora do V-Day, movimento global pelo fim da
violência contra mulheres, para a ação global marcada para o Dia de São
Valentim, ou dos Namorados. “A dança dá grande energia e cria um sentimento de
solidariedade”, justifica Ana Gomes.
Fonte:
Lusa
"Constituindo
a violência no namoro uma experiência pessoal caracterizada por sentimentos de
vergonha, embaraço, a grande maioria dos jovens não procura ajuda",
adiantou a autora de um estudo sobre este tema.
O
medo de serem culpabilizados, de que o segredo não seja preservado, que os
adultos os pressionem para terminar a relação, acharem que não vão ser
ajudados, temerem punições parentais (muitas relações são proibidas pelos
pais), faz com que os jovens não contem o que estão a passar.
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