sábado, 11 de maio de 2013

FOTOGRAFAR AS REDES DE ESGOTOS PODE SER ARTE


A preocupação ambiental subjacente a esta ideia parece-me meritória. As redes de colectores fazem parte do planeta que habitamos e o que para lá se encaminha acaba por influir a nossa vida, até porque os meios receptores dos caudais de esgotos acabam por ser, em regra, depois do tratamento mais ou menos eficaz, os aquíferos.
Deixo à sua avaliação a qualidade da ideia e do trabalho do fotógrafo canadiano que retratou a rede de esgotos de Toronto, notícia que de seguida reproduzimos.


A maioria das pessoas prefere não perder muito tempo a pensar na rede subterrânea, escura e suja, que transporta a água e os resíduos da cidade – não é o caso de Michael Cook. Ele explora e ilumina todos os tipos de sistema de esgotos debaixo de Toronto, sua terra natal, no Canadá, como forma de consciencializar a população para os problemas que o circuito enfrenta.
“Uma das razões por que é tão difícil conseguir atenção em torno das questões da água na cidade é o facto de a infra-estrutura ser completamente invisível”, explica ele. O fotógrafo defende que é preciso mostrar às pessoas o cenário debaixo da terra para que elas sejam capazes de proceder a alterações de fundo a esse respeito.
“Precisamos de ser capazes de ver os esgotos e conhecê-los enquanto lugares reais”, defende. “Os moradores precisam de ser capazes de os considerar como um componente dos lugares que habitam e, para isso, precisam de os conhecer visualmente e espacialmente.”
É assim que Cook espera que as suas fotos se tornem úteis. Toronto enfrenta um problema de sobrecarga do sistema de esgotos sempre que chove, mas que pode ser resolvido se as pessoas optarem por anular os algerozes das suas casas que escoam a água dos telhados e a deixarem ser simplesmente absorvida pelo solo.
Apesar dos esforços de convencimento neste sentido, a população não se tem mostrado interessada no assunto. “Um dos problemas é que as pessoas não vêem o que acontece à água depois de sair do seu telhado”, diz ele ao The Atlantic Cities.
Cook tem 30 anos e dedica-se a fotografar os túneis de esgoto há cerca de 10 anos, publicando muitas das imagens que recolhe no seu blogue, The Vanishing Point.
As fotografias são incrivelmente brilhantes e nítidas – quase todas iluminadas por equipamento fotográfico. Em geral, falamos de cenários muito escuros e difíceis de trabalhar, sendo quase sempre obrigatória a presença de luz artificial.
Nestas aventuras, Cook já se cruzou com alguns habitantes dos túneis subterrâneos. “Há alguns ratos, não tantos quanto eu acho que as pessoas imaginam que haja. Eles não têm muito para comer, as suas vidas são muito difíceis”, explica.
Durante o mês de Maio, o seu trabalho será exibido como parte da exposição Under this Ground, no festival anual de fotografia CONTACT de Toronto.

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