domingo, 23 de junho de 2013

OS MAIAS DE ONTEM E DE HOJE


A notícia que de seguida se publica chama a atenção para alguma semelhança física entre os portugueses e o povo Maia, nomeadamente a baixa estatura. Curiosamente, ou não, as razões para que isso suceda são análogas e nada têm que ver com a genética.


Nativos americanos, os maias são um povo altamente qualificado, nomeadamente em áreas como a matemática ou a astrologia. Há quem pense que estão extintos, mas não é assim: são actualmente cerca de seis a sete milhões, dispersos pela Guatemala, México e Belize, e o traço dos antepassados não se faz sentir em todos. O Alentejo vai dá-los a conhecer: "Destino partilhado - Ciência e os Maias no século XXI" é a exposição que atravessou o Atlântico e que está patente até 2 de Junho na delegação do INATEL em Évora. 

À frente do evento está uma portuguesa, alentejana. Inês Varela-Silva trabalha como investigadora na Universidade de Loughborough, no Reino Unido, e dá a conhecer, através de uma mostra fotográfica, as condições de vida dos maias na actualidade, procurando estabelecer um paralelo com a actual situação que se vive em Portugal. 

A iniciativa surge em colaboração com o "Mayaproject", que já leva mais de 10 anos de investigação repartida entre os continentes americano e europeu. Mas o que têm em comum maias e portugueses? A baixa estatura de ambos os povos, por exemplo, facto que abre a discussão sobre as condições de vida. 
"Por muito tempo, os maias foram considerados os 'pigmeus' da América Latina e, pensava-se, 'é genético, coitadinhos, estão bem assim', e não havia nenhuma necessidade governamental ou das forças políticas e sociais para fazerem algo pelos maias. Quando começaram a emigrar, a nossa investigação revelou que em menos de 10 anos houve um crescimento médio de 11 centímetros nas crianças. Obviamente que não é por serem pequeninos por natureza - é porque estão a passar mal, passam fome, não têm condições de saúde e trabalham muito." 
Quanto aos portugueses, "ainda são hoje os mais baixos da Europa". "Tivemos algumas alterações positivas no crescimento a seguir ao 25 de Abril e depois com a entrada na União Europeia, mas ainda continuamos com uma estatura muito baixa por causa do legado político e económico que tivemos durante o século XX." 
Dando como exemplo a crise que se vive, a investigadora lembra que a estatura é um indicador importante na hora de compilar dados e "sempre que há alterações negativas de comunidades ou de grupos humanos, essas alterações afectam a estatura, pois é um indicador usado pelos economistas e muito sensível às alterações de desenvolvimento". 
Longe das preocupações com o fim do mundo, também os maias, à semelhança dos portugueses, estão mais inquietados com a saúde dos seus filhos. Inês Varela-Silva conta que "um dos problemas dos maias tem que ver com a alimentação e as cadeias de 'fast food', que estão lá em força". 
Consequência: os maias estão a deixar a comida tradicional para passar a comer tudo empacotado. Já viu isto em algum lado?

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