quinta-feira, 30 de abril de 2015

O CONCELHO NA IMPRENSA REGIONAL


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Licenciado em Belas Artes, e professor, atualmente, na Universidade Federal de Santa Maria no Brasil, Leonardo Charréu, natural de Glória do Ribatejo, no concelho de Salvaterra de Magos, falou com o Valor Local sobre este desafio além-fronteiras nomeadamente, o trabalho que tem desenvolvido na vertente da ilustração científica, uma das suas áreas de eleição. Recentemente esteve em exibição uma mostra de trabalhos desenvolvidos pelos seus alunos com o tema “Ornitologia do Brasil” na falcoaria em Salvaterra de Magos
 O académico refere que “a ilustração científica era, até meados do século XIX (invenção da fotografia) a única ‘tecnologia’ de representação da realidade, pelo que era comum, as primeiras expedições científicas na América e em África fazerem-se acompanhar pelo ilustrador.” “Mais tarde com a generalização do uso da fotografia documental, a ilustração decaíu um pouco para ser de novo retomada, sobretudo, a partir do interesse pela ilustração de parte das grandes publicações científicas prestigiadas. Na verdade, paradoxalmente, um bom desenho tem a capacidade de informar mais determinados aspetos da realidade do que uma fotografia. Com um desenho podemos, ‘abrir’ a barriga de um peixe, fazer um corte transversal num animal, para o ‘ver’ por dentro. Enquanto a fotografia fica, geralmente, pela superfície das formas”, descreve. Mas Leonardo Charréu confessa que o seu gosto pela ilustração científica começou nos anos 80, quando estudou nas Belas Artes do Porto. Mas antes, na disciplina de História da Arte, do ensino secundário, já ilustrava desenhos à pena dos portais manuelinos, da talha barroca que constituíam os conteúdos do programa de estudos.
Profundo observador dos aspetos naturais que o rodeiam reconhece que a sua região de origem é de uma “beleza ímpar”, mas considera que tal não foi determinante para ter optado pelas Artes Visuais, mas antes o seu “interesse obsessivo pela banda desenhada que consumia em quantidades industriais”. “A minha pintura, muito heterogénea, sempre teve derivas abstratas e embora goste de desenhar à vista, sempre vi essa prática mais como um exercício mental, não como uma proposta artística séria e profunda”. Mas não deixa de considerar que na sua terra “são as pessoas e alguma ingenuidade pura e intensa da cultura popular”, o que o inspira. “Sou um deles que bateu asas, mas que volta sempre.”
Tendo lecionado durante vários anos em Portugal, no ensino superior, decidiu emigrar e aceitar a proposta brasileira porque se encontrava descontente com as regras de progressão na carreira, e porque a oferta monetária também era melhor. No Brasil para além de ter fundado o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ilustração Científica, refere outros projetos em curso: o AVICES (Arte, Visualidade e Ilustração Científica na Escola), que “vai permitir colocar, a partir do final deste mês, um aluno bolseiro a realizar tarefas de ilustração científica para apoio a conteúdos escolares da área das ciências naturais, numa escola secundária da cidade de Santa Maria.”
Mas também o MEPEAE (Metodologias Emergentes de Pesquisa em Arte Educação) que tem também uma bolseira de pesquisa e é um projeto que procura mapear e aprofundar as novas metodologias de pesquisa mais adequadas aos artistas, bem como, o projeto PROMUJA (Projeto Mundos Jovens e Adolescentes) que visa estudar as culturas juvenis da cidade, em particular, os lugares onde constroem as suas visões do mundo. É um projeto que cruza a cultura visual e a sociologia da cultura. “Estou neste momento a procurar financiá-lo e julgo que vou conseguir pelo apoio imenso que aqui existe para a investigação.”
Quanto a outros projetos para o futuro, neste momento, Leonardo Charréu tem entre mãos um trabalho com as espécies botânicas do jardim da Universidade Federal de Santa Maria e a coleção de aves de rapina da Falcoaria de Salvaterra, onde pretende regressar com uma exposição em fevereiro de 2016, havendo a possibilidade de se exporem também esses desenhos de Botânica, na Casa do Brasil, em Santarém. “Em setembro deste ano estamos a projetar uma grande exposição de ilustração científica para coincidir com um dos maiores congressos de investigadores em Artes Plásticas brasileiros que aqui se vai realizar”.
Depois de muitos anos a ensinar os caminhos da arte a jovens portugueses, reflete que não encontra muitas diferenças entres os alunos brasileiros e os alunos portugueses. “A mesma facilidade em chegar à informação e em lidar com as novas tecnologias, mas uma dificuldade extrema na escrita e no raciocínio argumentativo. Uma característica da juventude global dos tempos atuais”, sintetiza.


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